sexta-feira, 13 de julho de 2012


CONFIAR

Não faltam casos exibidos em noticiários de menores abusados sexualmente por pedófilos. Esta triste realidade mostra não apenas familiares, vizinhos ou membros religiosos como principais responsáveis como também condena a Internet como melhor ferramenta para estes desprezíveis predadores sexuais agirem. A produção independente “Confiar” encena esta tragédia que destrói psicologicamente muitos inocentes e a faz com contundência e sem amenizar para o espectador as severas consequências. Definitivamente, é uma obra dura de acompanhar.
Annie (Liana Liberato, em interpretação arrebatadora) é filha com catorze anos de uma típica família americana que a todo o momento está online conversando com Graham (Chris Henry Coffey) , com quem fez amizade numa sala de bate-papo. Annie estabelece uma comunicação onde a confiança é sempre primordial, expondo pensamentos que jamais compartilhou com seus pais (Clive Owen e Catherine Keener). Talvez por isso Graham não demora para lhe confessar que é mais velho. Um encontro é marcado e Annie se depara com alguém que jamais imaginaria ser, um sujeito que facilmente tem o triplo de sua idade. O pior acontece, mas Annie não se comporta como vítima, claramente convencida do amor que Graham manipulou ao longo de inúmeras mensagens de texto.
É uma situação indiscutivelmente polêmica e que, surpreendentemente, é realizada através da mão firme de David Schwimmer. Com uma expressão abobalhada com a qual jamais foi capaz de se desvincular com o término do seriado “Friends” (embora tenha dado uma pequena amostra de seu potencial dramático como o marido de Kate Backinsale em “Faces da Verdade”), David Schwimmer parecia repetir os passos mal-sucedidos de intérprete também por trás das câmeras, ao julgar tanto pelos filmes televisivos que conduziu quanto pela comédia “Maratona do Amor”. Em “Confiar”, David Schwimmer se mostra outro realizador.
“Confiar” é uma obra cinematográfica digna, seja pelos desempenhos, seja pelos desdobramentos da narrativa. Porém, é no seu tom de denúncia que realmente consegue se sobressair. Mesmo que denote o contrário, é um filme que deve ser assistido por pais e filhos para conscientizá-los dos riscos que estão expostos. Não há espaço para final feliz e a cena nos créditos finais tem a intensidade de um soco no estômago: em “Confiar”, não existe dúvidas sobre o caráter desses predadores.

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